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sábado, 31 de agosto de 2013

Transferência de Irai da caixa de Uruçu para caixa INPA ( 15x15 )

[Figura-1] Enxame de Irai alojado em caixa de Uruçu
É impressionante como as abelhas se adaptam com facilidade no processo de nidificação.

Vejam na figura-1 um enxame de Irai alojada dentro de uma caixa de Uruçu ( dimensões internas de 20x20x21 ), bastante grande para elas, mas mesmo assim elas deram um jeito e nidificaram lá dentro.

Em 16/03/2013 postei essa mesma Irai no processo inicial de nidificação. Para ver a postagem basta clicar aqui.

Elas ocuparam apenas o espaço que necessitam e isolando o restante com uma grossa camada 
[Figura-2] Discos de cria da Irai
de geopropolis.  Esse metodo funciona, porém toma bastante tempo delas, pois o tempo gasto construindo a couraça ( grossa camada de geopropolis ), elas poderiam estar construindo mais discos de cria e desenvolvendo o ninho ( fortalecendo ) de uma forma mais rápida. Enfim, temos que respeitar a natureza, elas gostaram assim, tá bão também.

Contudo, diante de um processo de adequação de caixas racionais, tive que transferi-la para uma caixa mais conveniente, dando à elas melhores condições de desenvolvimento. A caixa nova tem as dimensões de 15x15x20, caixa INPA sem melgueira. Essa espécie de ASF se desenvolve melhor sem as melgueiras.

Dentro do espaço não utilizado por elas, foi encontrado teias de aranhas, isso é comum nesse cenário, por isso elas constroem a grossa camada de geopropolis, para se proteger.

Foi um dia bastante proveitoso, sol quente, sem vento, temperatura ideal,  muito prazerosa essa atividade,  só mesmo quem lida com elas entende o que estou escrevendo aqui, e quem ainda não experimentou, tá na hora de ingressar e se  aventurar, descobrindo  que as ASF tem muito a nos ensinar.

Grande abraço e muito sucesso pra vocês.



sexta-feira, 16 de agosto de 2013

TOXICIDADE DO BARBATIMÃO PARA AS ABELHAS


[Figura-1] Flor do Barbatimão
Existem várias espécies de plantas que são popularmente denominadas de barbatimão, entre as quais se encontra Dimorphandra mollis e algumas espécies do gênero Stryphnodendron. A espécie D. mollis tem o nome popular de falso barbatimão. É uma planta característica de cerrado e de ocorrência freqüente no interior dos Estados de São Paulo, Mato Grosso e Minas Gerais. Nessas regiões, por ocasião do florescimento dessas espécies tem sido observada uma grande mortalidade de abelhas em apiários, sugerindo que o pólen seja responsável pelo efeito tóxico. Esse fenômeno é conhecido pelos apicultores como "mal de outono". O presente trabalho foi realizado no Centro de Estudos de Insetos Sociais da Unesp – Rio Claro, no período de agosto de 1999 até julho de 2001. Teve por objetivo avaliar o efeito tóxico de extratos, obtidos a partir de diferentes partes da planta (flores, pedúnculo, folha e caule primário e tardio) sobre operárias de Apis mellifera. Para isso, os extratos foram incorporados em dieta alimentar e oferecidos às abelhas confinadas em pequenas caixas em laboratório. Os extratos metanólicos das flores, pedúnculos florais e caule apresentaram efeitos tóxicos sobre operárias. A partir do extrato das flores (contendo antera com grãos de pólen) e dos pedúnculos florais foi possível isolar e identificar uma substância química conhecida como astilbina, que é um flavonóide. Após o isolamento, a substância pura foi avaliada em operárias confirmando os efeitos tóxicos. Nos extratos dos caules primário e tardio além da astilbina foram encontrados também taninos. Em uma análise comparativa, foi possível verificar quimicamente que o macerado de anteras com grãos de pólen contém astilbina como um dos seus compostos principais.

[Figura-2] Flor do Barbatimão

A relação entre insetos e plantas existia antes do surgimento de plantas com flores (angiospermas), que eram utilizadas pelos insetos como fonte alimentar (ZWÖFLER, 1982). Embora sejam bem conhecidos os efeitos de alguns inseticidas vegetais como a nicotina, rotenonas e piretrinas, pouco se sabe sobre outras toxinas de origem vegetal que interferem na vida dos insetos (BUENO et al., 1990).
 
    Estudos realizados na Índia (Darang) mostraram que colônias de abelhas Apis mellifera apresentavam mortalidade da cria em outubro, quando os arbustos de chá (Camellia tea) estavam florescendo. As larvas tornavam-se amarelas e morriam, emitindo um odor desagradável. Larvas alimentadas em laboratório com o néctar das flores do chá demonstraram os mesmos sintomas. No entanto, larvas alimentadas com o néctar diluído desenvolveram–se normalmente (SHARMA, RAJ e GARG, 1986).
 
    LORENZI (1992), em sua obra de referência sobre as plantas arbóreas nativas do Brasil, aponta dois tipos de barbatimão: o barbatimão verdadeiro, Stryphnodendron adstringens, e o barbatimão-de-folha-miúda ou barbatimão falso, Dimorphandra mollis. Apesar de pertencerem a gêneros diferentes, ambas as espécies apresentam período de florescimento muito próximo.
 
    Estudos realizados com o gênero Dimorphandra apresentaram, segundo DOBEREINER et al. (1985), efeito nefrotóxico em gado. Os efeitos clínicos-patológicos de D. gardneriana foram muito similares aos causados por D. mollis. As vagens causaram a morte em dois indivíduos, que receberam 30g/Kg de peso corpóreo, enquanto 20 g/Kg de peso corpóreo provocavam somente efeitos brandos de envenenamento.
 
    ALVES et al. (1996), realizaram estudos do efeito de extrato aquoso da inflorescência de barbatimão (S. adstringens) na longevidade de abelhas africanizadas. Metade da população controle sobreviveu aproximadamente o dobro do tempo, quando comparado com os grupos testes.
 
    A cria ensacada é uma doença causada por vírus e afeta principalmente as larvas de abelhas. No Brasil, nas regiões de cerrados foi possível verificar sintomas semelhantes dessa doença nas larvas, no entanto, nenhum vírus ou outro patógeno pode ser detectado (MESSAGE et al., 1995).
    Por outro lado, estudos realizados por CARVALHO (1998) e CARVALHO et al. (1998), mostraram que essa doença ocorre na mesma época do florescimento do barbatimão (S. polyphyllum) e que, fornecendo pólen dessa planta na dieta de larvas de operárias em laboratório, os mesmos sintomas eram reproduzidos.
 
    Em função dos sintomas serem semelhantes e a doença não ser causada pelo vírus, MESSAGE (1997) passou a denominar essa doença no Brasil como Cria Ensacada Brasileira. Posteriormente, SANTOS e MESSAGE (1998) verificaram que alimentando larvas de abelhas em laboratório com ácido tânico, os sintomas da doença também podiam ser reproduzidos e, então sugeriram que os taninos normalmente encontrados em grande quantidade no barbatimão, seriam os causadores da Cria Ensacada Brasileira.
 
    CINTRA et al. (1998), realizaram bioensaios com inflorescências desidratadas do barbatimão verdadeiro (S. adstringens) e do falso-barbatimão (D. mollis) incorporadas em dieta alimentar. Os resultados das taxas de sobrevivência demonstraram que houve uma redução significativa nas abelhas tratadas quando comparadas com o controle. CINTRA (1998), utilizou as mesmas inflorescências em outro experimento, com a finalidade de verificar se as abelhas teriam a capacidade de selecionar o alimento oferecido, detectando a presença de substâncias tóxicas. Os resultados indicaram que as abelhas não foram capazes de identificar e evitar a dieta contendo as flores, embora tivessem outra opção alimentar.

Fonte de pesquisa: