Mais uma vez
vamos falar desse inseto indesejavel, mas é preciso saber tudo sobre ele e
tomar as medidas necessárias.
Entre
os meliponicultores (criadores de abelhas indígenas sem ferrão), os forídeos
são conhecidos por se tratarem do pior inimigo das abelhas nativas. As espécies
mais comuns pertencem aos gêneros Pseudohypocera e Melaloncha.
Geralmente, levam à destruição total das colônias afetadas e espalham-se com
rapidez para as demais colônias, sendo considerados os únicos insetos capazes
de eliminar completamente um meliponário. As intervenções de salvamento por
parte dos meliponicultores são muito trabalhosas e, freqüentemente, pouco
eficientes. Alguns meliponicultores chegam mesmo a recomendar sua eliminação
total e sumária, através da queima de colônias atacadas por forídeos, evitando,
assim, a infestação de todo o meliponário e a perda de outros enxames.
Pseudohypocera
kerteszi pertence à ordem Diptera (insetos com apenas
um par de asas, denominados moscas, mosquitos e borrachudos) e, observado ao
microscópio, apresenta pequeno tamanho (0,1 a 0,3cm de comprimento), cores
escuras e aparência curvada (tórax arqueado), além de antenas finas e mais
longas do que o normal entre os dípteros. Suas asas possuem poucas e
incompletas nervuras, e seu abdômen é curto, dirigido para baixo. Em colméias
de abelhas melíferas, as moscas-dos-favos adultas, se deslocam muito rápido
entre os favos e sobre os mesmos, especialmente nos favos laterais,
escondendo-se temporariamente dentro dos alvéolos. Suas larvas têm coloração
amarelo-esbranquiçada e formato característico da ordem Diptera: a cabeça não é
aparente e não têm pernas. No último ínstar, medem 0,8 a 1cm, portanto, são bem
maiores que o adulto. Concluída a fase larval, as moscas passam para a fase
pupal, terminando seu ciclo de metamorfoses e rompendo o casulo para iniciar a
fase adulta.
O ciclo de infestação
das colméias inicia com a aproximação e entrada das moscas-dos-favos adultas
nas colônias, atraídas pelo cheiro das mesmas. As fêmeas fazem a oviposição,
que pode chegar a 70 ovos por postura, sobre as células com pólen (potes, no
caso dos meliponíneos, ou alvéolos e favos, no caso das abelhas melíferas) ou
sobre as células de cria (potes com ovo ou larva em desenvolvimento, no caso de
meliponíneos). Conforme as condições térmicas e de umidade, em pouco tempo
eclodem as larvas, o que acontece em 3 dias ou menos, podendo se dar em até 6 a
8 horas. As larvas passam a se alimentar do pólen disponível ou, ainda, das
larvas e pupas de abelhas acidentalmente mortas pelo meliponicultor. O ciclo de
vida completo pode se dar em períodos muito curtos, de 3 a 10 dias, conforme as
condições ambientais e a disponibilidade de alimento, seguindo-se,
consecutivamente, de novos ciclos de infestação.
A maioria dos
forídeos vivem em matéria vegetal em decomposição, fungos e mesmo carcaças de
animais mortos. Porém, algumas espécies desta família apresentam habitats
bastante peculiares, desenvolvendo-se dentro de formigueiros em atividade,
cupinzeiros, vespeiros e, inclusive, ninhos de abelhas. As fêmeas nas espécies
que habitam formigueiros e cupinzeiros, com freqüência não apresentam asas, o
que pode ocorrer também em forídeos que convivem permanentemente com colônias
de certos meliponíneos, como irapuás ou mandaçaias.
A presença do forídeo
Psudohypocera kerteszi nos apiários e meliponários exige por parte dos
criadores e dos técnicos extensionistas a adoção de várias medidas de controle.
Neste sentido, torna-se importante a inspeção periódica das colméias visando
monitorar a presença deste inseto. A retirada e tratamento, ou eliminação, de
uma colônia atacada no apiário ou no meliponário deve ocorrer o quanto antes.
Métodos curativos apresentam difícil aplicação pelos criadores e baixa
eficiência nas colônias, portanto, os métodos preventivos são aqueles que devem
ser adotados sistematicamente pelos apicultores e meliponicultores no campo e
nas colméias.
a) Medidas Curativas:
No apiário, o método
de controle curativo preconizado para um enxame com forídeos inclui a remoção
de todos os favos atacados e o deslocamento dos demais favos que compõem o
centro do enxame, exatamente para a posição dos favos atacados que foram
removidos na colméia. O espaço vazio no lado oposto do interior do ninho, ou em
ambas as laterias, deverá ser preenchido por novos quadros com cera alveolada
ou com favos provenientes de colônias sadias. Neste segundo caso, são
escolhidos favos com depósito de pólen e mel e favos com cria operculada. A
troca da caixa antiga, contaminada com larvas e pupas de moscas pelas paredes
internas, por uma caixa nova ou limpa, é recomendável. Da mesma forma, a
alimentação artificial, o reforço do enxame com abelhas provenientes de outra
colméia ou a união com outro enxame, são procedimentos positivos para eliminar
rapidamente o problema.
O
controle curativo de forídeos em meliponários inclui o diagnóstico e a tomada
de decisão quanto ao nível de infestação existente. Na fase inicial, observam-se
mosquinhas adultas circulando pelo interior da caixa e larvas nas lixeiras. Na
fase terminal, muitos adultos (mais de 50 indivíduos) são observados na face
interna da tampa, há larvas e pupas em vários pontos da colônia, os potes de
pólen apresentam aspecto úmido e estão repletos de larvas de mosca. Nesta fase,
a rainha cessa totalmente a postura. As medidas específicas de controle dos
forídeos e de salvamento das colônias preconizadas para cada fase são variadas,
mas geralmente complementares. Da mesma forma como em abelhas melíferas, quando
a infestação é intensa, a colônia de meliponíneos deve ser transferida para uma
caixa nova. A operação é feita longe das demais colônias, preferentemente em um
cômodo fechado, para permitir a retenção e a eliminação dos forídeos adultos
que alçam vôo quando se abre a caixa. Apenas os discos de cria em idade mais
avançada (de coloração clara), além de todas as abelhas operárias adultas e da
rainha, são aproveitados na transferência, enquanto que os demais discos de
cria (as jovens, com ovos e larvas) e os potes com mel e pólen são totalmente
descartados. As abelhas são alimentadas artificialmente todos os dias, até que
não se observe mais nenhum forídeo no meliponário. No cômodo fechado, as
mosquinhas, pupas e larvas devem ser mortas e a caixa será raspada
internamente, limpa e desinfetada com fogo.
b) Medidas Preventivas:
Os
métodos preventivos de controle são os mais efetivos no combate ao ataque de
forídeos. Os criadores devem manter o apiário ou o meliponário sempre limpos,
livres de materiais em decomposição e restos de colônias mortas ou caixas
abandonadas. Favos velhos devem ser retirados, substituídos por quadros com
lâminas de cera alveolada. Na meliponicultura, durante as revisões, não se deve
danificar os potes de pólen ou de crias e é importante fechar a caixa o quanto antes.
Na divisão de meliponíneos, as novas colônias devem ficar sempre populosas
(cerca de 200 operárias) e sem potes de pólen.
Armadilhas
caça-forídeos podem ser espalhadas nas proximidades do meliponário ou mesmo
dentro das colônias. Além de capturar as moscas-dos-favos que ocorram junto das
caixas, servirá de monitoramento das condições sanitárias ao meliponicultor.
Garrafas plásticas, como as de refrigerante ou água, servem para o ambiente
externo, enquanto que pequenos frascos de vidro ou plástico, desde que bem
vedados, como os de filmes fotográficos, servem para o ambiente interno das
colônias. São perfurados na tampa com broca fina ou prego, o mínimo necessário
para possibilitar a passagem das moscas-dos-favos (2mm de diâmetro), mas
impedir a entrada dos meliponíneos. Em cada frasco, colocar vinagre
(preferentemente de maçã e misturado com um pouco de pólen, se possível) em
quantidade suficiente para cobrir o fundo do frasco. As revisões podem ser
diárias e a troca do vinagre é feita a cada 3 ou 7 dias.
Além
disso, todas as colméias deverão ser mantidas fortes e com boa reserva de
alimentos, pois enxames populosos e bem nutridos resistem mais ao ataque de
inimigos naturais e doenças. Enxames fracos, com pouca população, devem ser
fortalecidos com operárias ou favos de cria provenientes de outras colméias.
Nos períodos de escassez de néctar e pólen, alimentação artificial deverá ser
fornecida às abelhas pelos criadores.
É
isso aí pessoal, espero ter ajudado um pouco mais no controle desse inseto indesejável
com essa postagem.
Grande
abraço e muito sucesso pra você.
Olá Sr. Lucio Pivoto bom dia.
ResponderExcluirGostaria de saber se o Sr. tem desenhos da caixas para abelhas TUBUNA ( Scaptotrigona Bipunctata )e a conhecida Mandaguari. este pedido se refere ao fato de tem ganho 4 enxames localizados em um muro e são grandes dai a minha necessidade de fazer as caixas para transferencia, muito obrigado e se possivel enviar para meu E-mail : ditmariemer@hotmail.com
Atenciosamente
Ditmar Riemer
cara muito bom,valeu mesmo essa mosquinha é uma peste.
ResponderExcluirValeu Vagner.
ResponderExcluirAbçs
Bom dia,gostaria de saber se aqueles minusculos mosquitinhos que ficam em restos de frutas podres sao forideos??abraço
ResponderExcluirParabéns pelo blog!!!!
Olá amigo;
ExcluirSim, os forideos gostam de frutas que estão já no estado de "podres", por isso é bom sempre manter o local do meliponario sempre limpo.
Abçs